Parada LGBT de São Paulo. Foto: Agência Brasil
violência

Assassinatos de pessoas trans no Brasil caem, mas número permanece alto, mostram dossiês

Região Sudeste teve aumento dos casos e alcançou o Nordeste, que apresentou redução, mostram dossiês

Duas ONGs (Organizações Não Governamentais) divulgaram nesta semana, como parte das atividades do Mês da Visibilidade Trans, levantamentos de dados sobre mortes violentas de transexuais e travestis no Brasil. Os relatórios — um deles feito pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e outro pela Rede Trans Brasil — mostram uma diminuição na taxa de crimes violentos contra essa população em 2021, em comparação com 2020.

Segundo o dossiê da Antra, de janeiro a dezembro do ano passado foram contabilizados 140 assassinatos de pessoas T, 35 casos a menos do que no mesmo período do ano anterior, quando a taxa era de 175, uma redução de 20%. Já de acordo com a Rede Trans Brasil, o índice caiu de 162 casos para 111, diminuindo 31,5%.

Por causa da inexistência de dados oficiais referentes à identidade de gênero de vítimas de assassinato no país, as estatísticas das duas ONGs são construídas a partir de pesquisas de crimes em sites de notícias e com base em notificações de grupos do movimento LGBTI+.

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Veja o que mostram os levantamentos:

“Dossiê de Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021”, da Antra:

“A espacialização da violência no Brasil”, da Rede Trans:

O país que mais mata trans e travestis

Apesar da diminuição interna de assassinatos, o Brasil continua sendo o país mais mortal para dissidentes de gênero em todo o mundo pelo 13º ano consecutivo, de acordo com a Transgender Europe. Dos 375 casos levantados entre 1º de outubro de 2020 e 30 de setembro de 2021 pelo projeto “Transrepect versus Transphobia Worlwide”, 125 (33,3%) ocorreram em território brasileiro.

A ONG internacional percebeu um aumento de 7% nos assassinatos de pessoas trans e travestis, em relação a 2020. Com isso, 2021 se tornou o mais letal para essa população desde 2008, quando teve início a apuração.

O projeto revela ainda que o desequilíbrio de gênero entre as vítimas de transfobia é global: 96% das mortes catalogadas pela organização europeia foram de travestis e mulheres trans.

Para Sayonara Nogueira, presidenta do Instituto Brasileiro Trans de Educação e coautora do dossiê da Rede Trans, existe uma dupla violência de gênero, por serem mulheres e trans.

“Quanto mais próximo ao construído social, cultural e historicamente como feminino, maior a violência. O modelo patriarcal, heterocisnormativo e a branquitude que gera toda esta violência que possui um ciclo contínuo e está ligada às estruturas patriarcais, coloniais, sexistas e racistas”, analisa.

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