Equipe do projeto 'Acessibilidade jornalística'. Foto: Divulgação
editorial

Em parceria com Unicap, Diadorim e 8 sites do NE integram projeto do desafio de inovação do Google

Projeto vai criar ferramentas tecnológicas e conteúdo jornalístico acessível para pessoas com deficiência visual

Nove organizações jornalísticas independentes no Nordeste e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) foram selecionadas na edição 2021 do Google News Initiative Innovation Challenge, desafio internacional realizado pelo Google para buscar soluções inovadoras para o jornalismo na América Latina. O projeto “Acessibilidade jornalística: um problema que ninguém vê” vai oferecer uma solução integrada para o problema da falta de conteúdo jornalístico de qualidade e acessível para pessoas cegas e com baixa visão. Além da instituição de ensino, participam do projeto Marco Zero Conteúdo (PE), Mídia Caeté (AL), Olhos Jornalismo (AL), Retruco (PE), Diadorim (PE), Saiba Mais (RN), Agência Eco Nordeste (CE), Revista Afirmativa (BA) e a newsletter Cajueira (NE).

A proposta vencedora do desafio em que concorreram organizações de toda a América Latina teve como ponto de partida o projeto de conclusão do Mestrado Profissional em Indústrias Criativas da Unicap da jornalista Mariana Clarissa, orientado pelos professores Luiz Carlos Pinto e Anthony Lins, cujo objetivo era criar uma solução para ampliar a acessibilidade de sites jornalísticos para pessoas cegas ou com baixa visão. “É uma satisfação enorme ver esse projeto criando asas e entrando em uma nova fase. A ideia saiu do campo acadêmico e agora vai, de fato, tomar forma e contribuir para a melhoria do acesso das pessoas com deficiência visual ao ambiente de notícias na web”, pontua Mariana.

Nesta etapa, foi realizado um breve diagnóstico sobre acessibilidade em sites jornalísticos brasileiros, especialmente do Nordeste do Brasil, e, na sequência, criado o protótipo de um aplicativo curador e leitor de conteúdo adaptado às necessidades de pessoas com deficiência visual. “O projeto faz uso de recursos tecnológicos orientados por um design focado no usuário, de modo que será possível analisar de maneira precisa o nível de acessibilidade de sites jornalísticos”, afirma o professor Anthony Lins. “Nós ainda vamos desenvolver um aplicativo para gestão de conteúdo e consumo de notícias e com isso contribuir para o acesso às informações pelo público com algum nível de comprometimento na visão”, completa.

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A pesquisa realizada anteriormente demonstrou a amplitude de um problema pouco visibilizado pela indústria jornalística nacional e, mais ainda, revelou o potencial para uma solução ainda mais inovadora, ampla, efetiva, integrada e com escala para assegurar o que estabelece a legislação nacional sobre acessibilidade para meios de comunicação e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que classifica a Comunicação como direito fundamental.

Agora, esta união sem precedentes de organizações jornalísticas independentes do Nordeste — em parceria com a maior universidade comunitária da região — vai realizar uma pesquisa mais ampla sobre a oferta e o consumo de conteúdo jornalístico por pessoas com deficiência e criar duas ferramentas automatizadas, uma para que sites jornalísticos possam obter um diagnóstico e recomendações para adaptar seus conteúdos para os protocolos de acessibilidade para os softwares mais populares de leitura de tela e um aplicativo curador de conteúdo jornalístico de qualidade e acessível, produzido pelas organizações participantes.

Foto: Reprodução

“O impacto mais amplo esperado desta iniciativa é a inclusão efetiva das pessoas com deficiência visual entre os consumidores de conteúdo jornalístico no Brasil, contribuindo não apenas para o fortalecimento da função social do jornalismo, mas para a garantia do fornecimento do que é um direito humano básico. A pesquisa em Comunicação e a indústria jornalística também saem fortalecidas deste tipo de parceria, bem como os esforços já empreendidos no combate à desinformação no Brasil”, comenta a diretora da Escola de Comunicação da Unicap e também uma das fundadoras da Marco Zero Conteúdo, Carol Monteiro.

Segundo dados do IBGE, no Brasil há mais de 6,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual. “Por falta de interesse ou de recursos para atender às necessidades deste grupo, não há efetividade nas práticas das empresas jornalísticas. Assim, esta parcela da população é excluída do consumo de informação de qualidade, tratada como um consumidor com menor potencial de escolhas e, pior: fica mais vulnerável a conteúdos distribuídos com a intenção de defender interesses de grupos econômicos e políticos que se beneficiam da desinformação e das fake news”, alerta a presidenta da Marco Zero Conteúdo, Inês Campelo.

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